O PORQUÊ DA GUERRA
O conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que resultou na invasão da Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022, vem de longa data. É impreciso afirmar quando exatamente começou, uma vez que os países possuem divergências de interesses em diversos aspectos.
No entanto, alguns autores pontuam diversos motivos para os conflitos. Morisson, por exemplo, explica que os dois países recorrem à própria história a fim de definir a maneira pela qual irão proceder em suas interações, sendo o Tratado de Pereyaslav (1654) um exemplo disso. Nesse sentido, existem duas visões a respeito, sendo que, para a Rússia, o conflito representa uma tentativa de anexo do país ao seu território, além de uma união entre seus “irmãos menores”. Já para a Ucrânia, representa o quanto que não se deve confiar nos russos.
Para o cientista político Kuzio, a crise da Ucrânia tem como origem a crise identitária entre os dois países, que se inicia a partir do fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), com a dificuldade das elites russas aceitarem a independência da Ucrânia, em termos identitários e territoriais.
Durante o século XXI, a relação entre os dois países se estremeceu com inúmeras tentativas da Ucrânia de estabelecer conexão com o Ocidente e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Os conflitos ficaram ainda mais evidentes com a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2013, após o vácuo de poder de Kiev. Desde então, o antagonismo entre movimentos separatistas influenciados pela Rússia e ultranacionalistas ucranianos foi cada vez mais se agravando.
Dado o histórico entre os dois países, a Rússia justificou a invasão na Ucrânia em fevereiro deste ano, explicando que consiste em uma defesa ao território Russo devido à possível adesão da Ucrânia à OTAN, que se expande por 14 países que faziam parte da URSS. Moscou também acusa, sem provas, que o governo ucraniano tem promovido um genocídio contra ucranianos de origem étnica russa.
DESDOBRAMENTOS DA GUERRA
Contudo, nesse contexto, uma questão-chave é entender então por que a Rússia escolheu esta vez para intensificar sua hostilidade e pressão sobre a Ucrânia, a OTAN e o Ocidente em geral. A explicação mais plausível é que, embora a Ucrânia continue sendo uma nação emergente, a Rússia esperou que o país recuperasse sua condição debilitada economicamente após os anos 90, em um contexto no qual a agenda russa se intitula de ‘poder suficiente’ para afirmar uma esfera de influência em seu país vizinho mais próximo e estratégico.
Em tese, a crise poderia ter sido evitada se os Estados Unidos tivessem continuado a política iniciada sob George H.W. Bush e Bill Clinton, no qual tratavam a Rússia como um parceiro em potencial em vez de uma nação derrotada, buscando inclusive pela neutralização diplomática dos países do leste europeu, diante da polarização herdada da Guerra Fria. Mas os constantes flertes da Ucrânia para com a OTAN e o Ocidente, endossados pelos Estados Unidos corroboraram para a desestabilização da região. E, nesse contexto, o único “remédio diplomático” disponível é a sanção, que já não é mais suficiente à prevenção de um conflito já em curso, quando bem anunciado que o governo russo havia deslocado mais de 100.000 soldados na fronteira ucraniana em fevereiro deste ano, acompanhado por ameaças e desafios verbais de Putin que não se tratavam de ameaças vazias. Muito apropriadamente, o Ocidente os levou a sério, porém, tarde.
O conflito gera até então seu próprio impulso e suas consequências imprevisíveis. O saldo para a política externa americana é extremamente negativo, a OTAN enfrenta a crise não só como um duro golpe moral, mas também como um problema de sua própria autoria. A diplomacia Ocidental perde em cálculos estratégicos sólidos, e a Rússia “prospera” nas suas ambições territoriais apesar de ainda se enquadrar como uma economia rentista que coloca a política de influência em risco com aventureirismo militar.
Espera-se, ainda, que os países possam recorrer às negociações políticas, a partir da qual é possível ajustar as relações de poder entre Estados com interesses diferentes, a fim de se chegar a um processo viável para moldar a diplomacia a um ponto neutro à ambos os lados. Mas a Rússia e o Ocidente, na maioria das vezes, tendem a se limitar a conjuntos restritos de negociações e seguem, indefinidamente, desconsiderando a realidade da evolução e adaptação do poder que a política exige e a natureza do conflito, em primeiro lugar. As consequências catastróficas infelizmente, já à vista.
COMO OS PAÍSES ESTÃO SENDO AFETADOS
É de grande valia entender a relação histórica entre esses dois países, por ser considerado um marco do pior conflito armado dos últimos 30 anos, caracterizado por essa disputa por espaço, dotando a Ucrânia em posição de interesse.
A situação da Ucrânia está diante de mudanças geopolíticas, devido ao grande número de mortes no campo de batalha e nas cidades ucranianas que sofrem bombardeios. Os dados da Organização das Nações Unidas (ONU), apontam que pelo menos 1,3 mil soldados ucranianos (segundo o presidente da Ucrânia, em 13/3), 2,3 mil civis ucranianos morreram só em Mariupol (segundo o governo ucraniano em 15/3).
Esses acontecimentos fomentaram uma movimentação de civis, que após a invasão da Rússia, migraram para outros lugares em busca da sobrevivência, à procura de requisitos básicos de segurança e alimentação.
Do ponto de vista econômico, o cenário da crise na Ucrânia é preocupante. Há ainda preocupações de que futuramente o conflito entre Rússia e Ucrânia possa desencadear embates a nível mundial, logo que há parcerias políticas de outros países com os Estados em conflito.
A situação da Rússia diante desse conflito, conta com 1.351 soldados russos que foram mortos, de acordo com os dados da ONU, segundo o governo russo. Apesar de Vladimir Putin, Presidente da Rússia, manter motivações afins para permanecer no confronto, as sanções de outros países tiveram impactos na alta do petróleo e nos preços de determinadas matérias-primas, que constituíram alguns dos fatores que contribuíram para o recuo.
Texto elaborado por Davi Wender, Kamila Machado e Marina Massoni